quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Voltei!

A NBA é apaixonante. Mas também é um negócio. Emprega milhares de pessoas enquanto movimenta a vida de milhões. Para quem acompanha avidamente mundo afora o dia a dia da NBA, o período da free agency é divertido, surpreendente e absolutamente excitante. Para quem é apaixonado por uma franquia, mora naquela cidade e trata o time como parte da família, pode ser um período de festa, indiferença ou até de luto.

Antigamente, os jogadores tinham paixão ($$) por cidades com grandes mercados. Quem não queria jogar nos Lakers? Além de ser um time tradicionalmente forte, estar exposto em um grande mercado significava conquistar fãs e se tornar uma opção de marketing. Um belo reforço ao salário dos jogadores. 

Hoje em dia não é bem assim. Claro que deve ser bacana jogar em franquias de muitos títulos, fãs e história. Mas com a globalização, a facilidade de se assistir a qualquer jogo e o boom das redes sociais, qualquer franquia é franquia. Se você for bom, estará na mídia e faturará. Escolher seu time na free agency agora virou questão de prioridade.

A free agency de 2010 de LeBron James, é o caso mais emblemático de todos os tempos. Na época, foi considerado um crime de proporções gigantescas abandonar a franquia de Cleveland (que tinha elenco duvidoso, dono idiota, técnico bizarro e sem perspectiva nenhuma de futuro além do próprio LeBron) para ir ser um "caçador de anel" em Miami. A opinião pública exigia de LeBron James que ele fizesse de tudo para conquistar o título em Cleveland. 



Desde então, a percepção mudou. Quem pode ser tão pilantra a ponto de criticar um jogador que deseja nada além de vencer? LeBron James recebeu um salário menor para jogar com Wade e Bosh. Deve ter recuperado essa "perda" muito bem com uma exposição ainda maior conquistada por seus títulos e pelo seu legado. 

Foi vaiado por uma temporada inteira em qualquer arena que ia. Depois foi ovacionado por um país todo por suas vitórias e exibições impressionantes. Que bom que LeBron James decidiu levar seus talentos a South Beach. Nos brindou com uma história maravilhosa. Pra coroar, voltou pra Cleveland, que não por acaso, já tinha um time muito mais promissor do que LeBron James deixou pra trás. Não por competência da franquia e sim por ter se tornado um lixo desde a saída do astro. Como a NBA premia os piores da liga todo ano com escolhas altas no draft, a equipe que nunca mais tinha pegado um playoffzinho se armou com jogadores jovens e promissores.

Quem mais gostou dessa movimentação toda? Todos os jogadores que desejam vencer.

LaMarcus Aldridge não tem nem de longe o mesmo peso de LeBron James. Mesmo assim, foi um monstro por muito tempo em Portland. All-star várias vezes, All-NBA outras e considerado um dos 10 melhores bigs da liga. Com arsenal ofensivo pra lá de versátil, LaMarcus guiava Portland quase todo ano aos impiedosos playoffs do Oeste. Sempre saiu de mãos vazias. 

Quando LaMarcus decidiu que não continuaria em Portland, ninguém piscou. O mundo da NBA não se revoltou. "Vai pro Spurs, que já tem um dos melhores times de todos os tempos? Que bom pra ele." 

Em Portland porém, a situação é outra. A linha de raciocínio da direção foi: Sem LaMarcus? Sem playoffs. 

Adeus Batum, vai curtir o time do Jordan lá em Charlotte. Wesley Matthews tá querendo um aumento? Vai pedir pro Cuban lá em Dallas. Robin Lopez seu contrato acabou? Procura aí o Phil Jackson que ele passou por aqui perguntando por você. Aproveita e leva o Afflalo.



O time então decidiu investir em Damian Lillard, um talento ofensivo brilhante e nas demais peças jovens que viviam nas sombras desses talentos maiores. Fez contratações pontuais na free agency e veio pra temporada sem tanto compromisso com a vitória. O que vier é lucro.

Para o torcedor porém, apaixonado e acostumado às vitórias, LaMarcus era o símbolo da esperança. Abandonar um time que conquistou diversas vezes 50 vitórias na temporada não é fácil. 

E essa noite, a tabela da NBA traz LaMarcus de volta à sua antiga casa. Jogará contra seus antigos companheiros e enfrentará o que quer que seus antigos fãs lhe ofereçam das arquibancadas. Vaias, aplausos ou as duas coisas. Provavelmente vai enfrentar também as emoções que vão aflorar ao assistir um vídeo-tributo pelos serviços prestados à franquia (uma nova moda na NBA que já tá perdendo o apelo por ser previsível).

Parece bobagem, mas é um ritual importante para os jogadores, enfrentar seus antigos times. Hoje ele se tornará menos Blazers do que antes. Pode assim se dedicar inteiramente a ser dos Spurs e a fazer o que ele decidiu fazer: ser um campeão.

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A Volta do que Não Foi!

*meme by Cotovelo

Bem menos amistosa será a volta de DeAndre Jordan à Dallas. Tecnicamente ele nunca foi jogador da franquia do Texas, mas durante o período de moratória da free agency onde os jogadores podem negociar mas não assinar com as equipes, ele se comprometeu a assinar com o time do excêntrico dono Mark Cuban com a promessa de ser a cara da franquia e se tornar um superstar na NBA (status que seus companheiros de Clippers Chris Paul e Blake Griffin ostentam).

Dias depois de se comprometer porém, Jordan se arrependeu e se tornou incomunicável para os representantes de Dallas. Entrou em contato com seu antigo chefe e falou que queria voltar. A situação ficou ainda mais esdrúxula quando jogadores das duas equipes começaram uma guerra de Emojis no twitter dando a entender que estavam indo ao encontro de DeAndre Jordan. 

#essediafoiloko

Como esperado, ninguém em Dallas ficou feliz com a conduta de DeAndre Jordan, e hoje os torcedores vão poder demonstrar isso de pertinho. 


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